sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Em debate: Relações Públicas e Comunicação Organizacional

A seguir, na entrevista, concedida ao RPCom, encontraremos as principais idéias de Larissa Grunig e Linda L. Putnam sobre as Relações Públicas e a Comunicação Organizacional

LARISSA GRUNIG é professora emérita do Departamento de Comunicação da Universidade de Maryland, Estados Unidos. Nesta mesma universidade, doutorou-se em Comunicação Pública, em 1985. Atualmente é uma das mais importantes estudiosas da área de Relações Públicas dos Estados Unidos. Em 1999, ela foi listada na RPWeek's como uma das 100 mais influentes profissionais de relações públicas do século XX.

RPCom: O que torna uma organização excelente para nela se trabalhar?
Larissa Grunig:
Existem alguns fatores que devem ser levados em conta: a estrutura da empresa; se é piramidal ou horizontal e, por conseqüência, a cultura, se é autoritária ou participativa; se a comunicação é simétrica ou assimétrica, se oferece oportunidades de trabalho para os grupos de minorias; se os funcionários têm ou não uma boa relação com a empresa. Tudo deve ser considerado.

RPCom: E quais destes requisitos a organização precisa ter para ser considerada excelente?
Larissa Grunig:
Para começar, precisa dispor de uma cultura participativa, ou seja, integrar todos os funcionários de modo que eles sintam-se parte do “time”; fazê-los trabalhar de forma integrada, como um só corpo. Haver igualdade entre os diferentes níveis hieráquicos. Além disso, dispor de uma comunicação simétrica, que implica em deixar o colaborador à vontade para falar do que necessita em relação aos assuntos da empresa e, principalmente, ter a certeza de que terá feedback disso. Em outras palavras, abrir caminho para que o processo comunicacional seja sempre uma troca, uma via de mão dupla. A empresa fala, mas também ouve.

RPCom: No que implica uma empresa dispor de todas estas características?
Larissa Grunig: Contar com uma alta administração que valorize a comunicação e que, portanto, reconheça o trabalho realizado pelo departamento de RP.

RPCom: Na sua opinião, quem tem maior poder para influenciar a cultura da empresa: a comunicação ou seus donos, que impõem normas e diretrizes e definem o que entendem por cultura da empresa?
Larissa Grunig: Acho que ambos se complementam. Sem a empresa, a comunicação não tem porquê existir e, sem a comunicação não tem um rumo certo, simplesmente vai caminhando, sem saber para quê, nem para onde quer chegar. O ideal é que sejam simétricas, trabalhem integradas. A comunicação é uma forte aliada na construção da missão, visão, valores e objetivos de uam organização. Ajudará a manter um contato ético e transparente com so funcionários e a construir uma sólida reputação.

LINDA L. PUTNAM é professora do Departamento de Comunicação da Texas A&M University, Estados Unidos. Em 1977, doutorou-se em Speech Comunication na Universidade de Minnesota. Dentro da área de comunicação organizacional, ela publicou vários livros de sua autoria, e outros sob sua organização.

RPCom: No que implicam as metáforas, tratando-se do ambiente institucional?
Linda L. Putnam: Metáforas institucionais criam insights a respeito de como as pessoas interpretam ou levam a vida dentro da organização, de forma espontânea ou de acordo com a cultura da empresa. Ela faz uma conexão entre as coisas concretas e as empresas abstratas, portanto servem como ilustração para determinadas situações, como representar uma situação já existente, ou mostrar uma desconhecida. Como exemplo, posso falar da Metáfora da Voz, que fala sobre o poder “falar” do colaborador ou o controle disso. Nesta alusão, temos as Vozes Distorcidas, que são os membros que falam, mas nem sempre estão sendo verdadeiros e falando o que querem, e sim, o que a organização espera que eles digam.

RPCom: Na sua opinião, o que uma empresa precisa ter ou fazer para ter uma comunicação efetiva e efica, além do que foi dita por Larissa Grunig em relação ao Excelence Study?
Linda L. Putnam: Além do que foi passado por Larissa, cito a Administração Participativa, na qual os funcionários ajudam nos processos decisórios. A legitimação, pois há uma supervalorização da empresa quando os processos são legitimados, ou seja, tudo que ocorre é verdadeiro, legal e incorpora a tecnologia. É preciso haver uma parceria efetiva e eficaz entre a legitimação e a comunicação; para que juntas resultam em processos rápidos e produtivos, geram bons resultados, além de serem agentes facilitadores para ampliar a rede de relacionamento dentro e fora da organização.

RPCom: E para auxiliar na construção da imagem e reputação, o que recomenda?
Linda L. Putnam: Recomendo às organizações investirem em projetos sociais, culturais ou ambientais, pois também são pontos fortes para fazer a empresa cair nas graças de seus colaboradores. O fato é que, quanto mais uma organização se preocupa em ajudar e satisfazer todos os seus públicos de interesse (e demonstrar legitimamente porque procede de tal forma), mais conquistará uma boa imagem, aumentará sua credibilidade e reputação.
Isso implicará em elaborar os projetos, implementá-los e em agradecer, ou trabalhar para solucionar os descontentamentos gerados pelos
feedbacks positivos ou negativos que surgirão de todas as partes. Mas a grande idéia é trabalhar para satisfazer, sempre. É o que, na prática, funciona.


Esta entrevista também pode ser encontrada no RPCom, uma publicação mensal do Curso de Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo – Ano VI – n° 42 – maio de 2007.

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